Surto de broca-do-colo na EEI

por Dr. Eduardo Rodrigues Hickel
Pesquisador da Estação Experimental de Itajaí/ Epagri
Entomologia
 
A broca-do-colo, também conhecida por "oquetina" (Ochetina uniformis) (Coleoptera: Curculionidae) é um gorgulho aquático que pode infestar as lavouras de arroz irrigado, principalmente no sistema de cultivo pré-germinado.
 O adulto é um pequeno besouro com cerca de 5mm de comprimento, de corpo oblongo e coloração geral parda, por vezes indistinguível da cor do barro. Difere de outros gorgulhos aquáticos do arroz, como a bicheira-da-raiz, pela longa tromba negra na cabeça. A larva é em forma de verme recurvado, de cor branca-amarelada, ápoda, com cabeça marrom e seis espiráculos dorsais em forma de gancho nos segmentos abdominais.
A larva da broca-do-colo se assemelha muito às larvas de bicheira-da-raiz, porém são maiores (11 a 14mm de comprimento) e habitam a parte interna da planta, na região da medula, próximo às raízes.
Os sintomas da broca-do-colo são, principalmente, o "coração morto" e eventualmente a panícula branca. Pantas atacadas pela praga, quando arrancadas, podem se romper no colo, deixando as raízes no solo. 
Essa safra temos vivenciado uma explosão populacional de bicheira-da-raiz e as condições que favoreceram a bicheira, também favoreceram a broca-do-colo. Embora os adultos da broca-do-colo não sejam atraídos pela luz e portanto não constatados no MonitOryza, suas populações também estiveram altas.
Disto resultaram reboleiras de ataque da broca-do-colo nas lavouras da EEI destinadas ao monitoramento de pragas (onde não é feita a aplicação de inseticidas).
Nestas reboleiras, as plantas apresentam-se menores e com muitas folhas secas. Diversos perfilhos na touceira têm a folha central seca, característico do dano “coração morto”. 
As medidas para controle da broca-do-colo, via de regra, são as mesmas que aquelas aplicadas para controle da bicheira-da-raiz. Assim é preciso:
- Nivelar bem a lavoura e mantê-la sempre com uma lâmina de água adequada. 
- Vistoriar periodicamente a lavoura para verificar a ocorrência e os locais de maior concentração da praga (reboleiras). 
- Reforçar a adubação nitrogenada nas reboleiras, para forçar um maior perfilhamento das plantas. 
- Eliminar as plantas aquáticas hospedeiras que estejam nas quadras ou nos valos. 
- Eliminar os restos de cultura após a colheita e proceder a limpeza ou roçada de taipas, valas e estradas internas, para reduzir possíveis sítios de hibernação.
Os inseticidas atualmente registrados para a bicheira-da-raiz também controlam a broca-do-colo.
 


Salinidade da água de irrigação

por Dra. Fabiana Schmidt
Pesquisadora da Estação Experimental de Itajaí/ Epagri
Fertilidade do solo e nutrição mineral de plantas

Atenção - estamos passando por um período de estiagem prolongada, que baixou o nível de água de diversos rios, e isso pode favorecer a formação de cunhas salinas nos rios que sofrem a influência do mar. Além disso, o Litoral Catarinense tem sofrido o efeito de muitas marés altas, que também favorecem a entrada da água do mar nesses rios.
Desse modo, alertamos os técnicos e produtores de arroz que se utilizam da água de rios que são influenciados pelo mar, para que efetuem o monitoramento da qualidade da água utilizada na irrigação do arroz, agora durante a fase vegetativa, devido a sensibilidade à salinidade pelo arroz.
Para o arroz irrigado, a recomendação da Sociedade Sul-brasileira de Arroz Irrigado (Sosbai) é que a irrigação deve ser suspensa quando a condutividade elétrica da água atinge valores iguais ou superiores a 2 dS m-1.
Os experimentos conduzidos pela Epagri mostraram que todas as cultivares da Epagri são sensíveis à salinidade no estabelecimento inicial da cultura (veja imagens dos sintomas abaixo).
O limite crítico da condutividade elétrica (CE) da água para utilização na irrigação das lavouras no estabelecimento inicial da cultura é 2 mS cm-1 = 2dS m-1 = 2.000 µS cm-1. Aos produtores de arroz de SC, que utilizam águas de rios litorâneos, recomenda-se a aquisição e utilização de condutivímetros portáteis, que são de baixo custo e fácil operação, para que possam acompanhar a qualidade da água e tomar decisões acertadas no manejo da irrigação nas lavouras.
A Epagri através do CIRAM também oferece o serviço de monitoramento da maré ao longo do dia e também a previsão para uma semana. Acessando o site do CIRAM : http://www.ciram.sc.gov.br/, na barra Principais Serviços - clique na opção Litoral on –line e após clique em Maregrama.
Abaixo o link direto:
http://www.ciram.sc.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=812&Itemid=490

Interpretando os resultados 

Cada rio tende a ter uma gama relativamente consistente de valores de condutividade elétrica que, uma vez conhecidos, podem ser utilizados como base de comparação para medições regulares de condutividade. Desta forma, alterações significativas na condutividade podem indicar que a água do mar ou alguma fonte de contaminação tenha adentrado no corpo hídrico.
Algumas faixas de condutividade elétrica:

Tipo de água                   Condutividade elétrica (µS cm
-1)
Água deionizada                               0,5-3
Pura água da chuva                           < 15

Rios de água doce                             0-800 
Água salobra                                 1600-4800
Água salina                                     > 4.800
A água do mar                                  51.500
Águas industriais                          100-10.000
 

Sintomas de estresse salino:

I - Início da irrigação no estádio S3
II -  Início da irrigação no estádio V3-V4

Legenda: 


SCS122 Miura - Nova variedade de arroz lançada pela Epagri

A Epagri/ Estação Experimental de Itajaí disponibiliza, a partir da safra 2017/18, a nova variedade de arroz irrigado, SCS122 Miura. A denominação é uma homenagem ao pesquisador da Epagri, engenheiro-agrônomo e mestre Lucas Miura, fitopatologista que atuou na equipe de pesquisa em arroz irrigado da Estação Experimental de Itajaí. 
A nova variedade se destaca pelo seu alto desempenho na lavoura e por ter boa resistência à brusone, uma das piores doenças do arroz. Também apresenta boa resistência ao acamamento, embora possa apresentar sintomas de toxidez por ferro. Na indústria, a nova variedade é adequada tanto para arroz branco quanto parboilizado e possui bom rendimento industrial.
Os produtores de sementes de Santa Catarina, associados da Acapsa (Associação Catarinense dos Produtores de Sementes de Arroz), estarão disponibilizando, já para o cultivo da safra 2017/18, sementes para os produtores de arroz.
O SCS122 Miura surge como opção de substituição do SCS121 CL naquelas áreas que não tem problema com arroz-daninho ou que já foram limpas com cultivo CL, permitindo ao produtor de arroz voltar ao seu sistema tradicional de cultivo nestas áreas.
Os agricultores interessados em cultivar a SCS122 Miura devem contatar com os técnicos da Epagri nos municípios, nas cooperativas ou com as demais entidades representativas da cadeia produtiva do arroz irrigado em Santa Catarina.